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Pirações de uma pretinha.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Caracteres.

Meu cabelo é ruim,
De aguentar a tua soberba.
Minha boca é grossa,
E eu também posso ser.
Meu nariz é largo,
Do tamanho da minha vontade.
Meu pé é chato,
Igualmente ao teu preconceito.
Guarde seu racismo, segregacionismo, apartheid, ilusão, como queira denominar...
No bolso, na cueca, no seio, na máscara, no cofre,
No verniz de todo lugar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mal dizendo

Quando a noite se cala,
O dia vem chegando
E o mundo vai dormir,
Estou aqui.
Meus olhos refletem algo,
Uma frase mal feita,
Um dia ruim,
Um cansaço sem fim.
De sol, que vive e revive todas as manhãs...
Um suspiro, um sorriso e basta.
-"Eu gosto de você"
Seu jeito de olhar, suas covinhas, os dedos e o cheiro,
Vou vivendo disso.
Tenho medo da casa com som de vazio,
Do canto do olho,
Dos amigos ausentes,
Dos toques no teclado,
Dos e-mails substitutos.

Estou aqui.


E não há o que dizer.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Princesa

Era uma vez,

Uma mulher preta,
Com gosto de jambo.
Eu ví,
Ví seus seios num mocó.
Ví uma mulher preta,
Com tranças e envergadura,

Era dura.

Ví uma mulher preta sorrindo, de sí, dos olhos, dos medos, pro sol.
Ví seus olhos de chumbo e com chuva.
Certa vez eu ví uma mulher preta com medo, com cachos, com sons.
Ví uma mulher preta cantando...
Dançando feito cobra de braços.
Ví mulher preta vingando, crescendo, sorvendo.
Eu ví uma mulher preta, um dia.


Num espelho meu.

domingo, 29 de novembro de 2009

Solitude ampla.

Solidão...

É um verme, roendo o oco, dentro do infinito...

E mesmo assim dói.

domingo, 22 de novembro de 2009

Sumiço (À Goya Lamartine)

...Fique invisível,
Só não suma por inteiro...

Te procuro, no escuro, só palavras respondem, no fone, na tela, no brêu, de nossas brumas.
...Cravei minhas unhas na parede,
Há dias não saio daqui, lugar comum,
Comum a todas as crises que cansei de ter,
Cansei, não aguento esse lugar em que me puseram e que aceitei.

Não vou descrever.

Exatamente sério, coitado, pobre, decepcionado, mesmo e baixo.

Amanhã...
Acordo, vejo o dia e tudo, só eu sei e todo mundo sabe.

Ser isso é assim.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

E se fosse você?

Eu quero reparação, pelos anos de dívida, interna, externa, eterna,
Eu quero liberdade pela escravidão que ainda perdura,
Eu quero cotas pela injustiça nessa desigualdade,
Eu quero o reconhecimento da minha arte, que é renegada,
Eu quero participação nos espaços, tão des espaçados...
Eu quero um gole do café que "eles" tomaram na república,
Eu quero uma caneca do leite quente das vacas de Vargas,
Eu quero um pedaço das capitanias que de hereditárias, tem mesmo a cor,
Eu quero uma fatia do bolo que por e para "eles" é dividido.
Eu quero um presidente, uma ministra, uma atriz, uma filha, um comercial, uma voz, um olho, uma caricatura, um abraço, um sorriso, uma felicidade, um anjo Negro.
E se assim fosse com você?
- Só não venha agora me dizer, que tu também, não haveria de querer!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Com Você.

Ver o sol nascer,
Pular de uma ponte,
Enfiar a cara na torta,
Exposições em milhões,
Brigadeiro na panela,
Praia a noite,
Mil beijos contados pelo corpo,
Vinho na sua boca,
Amor na barraca,
Poesia com Licor,
Maratona de Filmes.

Todos os momentos um, mil noites e segundos e tudo.

Assim, meio sem querer,
Com Você,
Eu quero.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pintor (À Goya Lamartine)

Me fez como quis
De sorrisos
E olhos.
De azeite
E doces...
Pechos y manos.
E teus negros olhos
Contrastando com tua branca pele
De neve e algodão.
Algo assim, que me fez perder
Nestes encantos.
Y me hace vivir por tus besos
Por tu piel
Tus encantos
E nada más.
Pero es pintor
Pintor de sua própria caminhada.
Nesse claro enigma
Por ti pintado.
Pintor,
Desses mistérios.
Dessas freqüentes idas.
Sem volta.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

...

E vou continuar sentindo,
Até descobrir quem sou eu e do que tenho mesmo medo.
Vou continuar assim, até vencer a queda de braço,
Que inicio todos os dias ao acordar,
Vou continuar assim, até saber mesmo, mesmo, mesmo o que dizem meus olhos.
E vou continuar,
Até matar de vez,
Tudo aquilo que em mim,

Insiste em viver.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Yo quiero...

Eu quero meus poemas
Traçando ângulos reversos na tua cabeça,
Quero minhas ditas palavras
Circulando sem parar, nos tímpanos.
Quero frases minhas gritando
Na barriga da mídia.
Yo quiero.
Quero mesmo!
Quero minha poesia re sentida,
Sentida uma, duas, cem vezes.
Quero minha poesia canônica,
Mutilando os canos de todas as partes.
Quero versos meus, negros como a noite,
Enegrecendo a dúvida e o receio.
En pretecer, esse é o verbo.
Por que a coisa vai ficar preta.
Querendo ou não...

Quero minha lírica como tranças,
Incomodando em hotéis e praças.
Grita poesia!

Por que eu quero.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Falo

Quando falo,
Falo de mulher,
Falo do ventre,
Olhos, estrela cadente.
Quando falo,
Falo de anos,
Falo de búzios,
Bacias, Mocós.
Quando falo,
Cuidado.

Mais vale um falo,
Do que o não dito?
E quem dita o que falo?
Minhas cadeiras,
Minha luta, sofrer, olhar, viver.
Quando falo jogo palavras, direitos.
Jogo com vozes, sociedades e periferias.
Minha fala é argila, gruda, suja.
É grito repito.
Quando falo,
É isso...
Por que posso.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Para 2012.





Eu ví o fim do mundo.
Ví fumaça e quenturas que saíam da boca dos carros.
Ví doenças que engoliam homens e esferas.
Vi uma galáxia em extinção.
Ví plantas enfermas e peixes sumidos.
Eu ví a Internet engolindo o Um dragão.
Ví o dinheiro correndo atrás de olhos.
Ví o final do horizonte.
Eu ví ranger de dentes,
E montanhas inebriantes de sacos plásticos.
Ví um pai engolindo o filho,
Filho derrubando cão.
Ouví uma barriga rugindo.
E ví um mundo que renascia em chamas de petróleo, euros e torres.
Ví tudo isso em 39°C de praias vazias.
Ao fundo um show beneficente que doava copos.

(...)

Mas o espírito é leve,
E minha memória,
Reciclável.

sábado, 3 de outubro de 2009

Engenheiro de sonhos ou Palavras e Coisas (À Gabriel Garcia)



Das coisas que sabes fazer
Eu sei.
Das coisas já construídas, dos medos, das calmas...
Das coisas e palavras que tu temes
Eu sei.
Das montanhas escaladas e dos tombos...
Das coisas desmoronadas, das chances, dos vícios
Eu também sou.
Das noites mal dormidas, do terno engomado e da família...
Eu tenho.
Das crises mal vividas, dos nomes esquecidos e amantes...
Eu sinto.
Dos teus olhos fortes, fotos e fatos...
Eu vivo.
Das coisas estranhas, terapias e andanças...
Eu temo.
Dos verbos mal construídos, da inveja e do tempo...
Eu sei e sabendo não construo nada que não seja redivivo, futuro e sorte.
Engenheiro dos mais longos e belos sonhos,
Tu és e eu, assisto.
Dos amores esperados, da tua vida em carros, leis e pesos...
Espero.
Do teu sorriso limpo, tua foto em branco e preto, tua vinda, teu semblante, cabelo apaixonante, teus eus, sua bilateralidade.
Eu quero.
Construindo sonhos, como um Guepardo alucinante,
Eu torço.
Das coisas, palavras e eu...
Engenheiro.

Proesia (À Keila Nunes)

Poesia para viver,
Para dizer a ti, a tu e a todos,
Que ainda vale a vida.
Que embora se tropece, o joelho sangre, ainda se anda...
Poesia para não morrer,
De ócio, tédio e susto.
Poesia para viver,
E ter certeza,
Que o onírico não é linear,
Mas é lícito e permitido.
Poesia para a professorinha
Poder sorrir.
Poesia para dizer
A teus olhinhos que prefiro a luz.
Poesia para te ouvir,
Contando histórias,
E estrelas, vitórias e doces.
Poesia para você viver,
Entre laços, abraços,
E saber,
Que a cada dia,
O sol e a vida,
Fazem juntos
A mais bela,
Proesia.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Luz


A cada dia que se passa vejo o quanto sou sol.
E que luz demais, cega.

sábado, 12 de setembro de 2009

Vozes de libriana

-Ah se minha vida fosse um último dia de novela.
-De quem?
-Maneco...
-Manuel Carlos?
-Isso.
-Prefiro Almodóvar, coração, sangue, cores coloridas e novela.

No céu um inscrito: Fim

Coração corre-campo

Quando o gato quer o rabo,
Rabo não quer mais gato,
Um dos dois se vira,
Acaba-se o mundo.
Mas... E o amor?
- É... É um rabo correndo atrás do gato.
Sorte! Quando rabo descobre ser eternamente parte de todos os já apaixonantes gatos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A moça ao lado.


O barulho formigueiro da sala, ensurdecedor.
Mais para sucursal do inferno do que qualquer outra coisa.
E eu, aqui
No mais profundo silêncio, na leitura de teus lábios, anéis e sapatos.
A trança no cabelo me diz, nada.
o brilho fosco dos olhos me diz, tudo.
De certo, perdestes um amor.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pulsação

...Num canto do peito, do olho, da mente,
Lateja uma dor, que não fui eu quem pediu...

Encruzilhada




No meio encontrei-me.
E agora, pra onde vou?


Pra onde eu quiser!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Vinganças

Um dia
Por Amor,
Eu matei.
E por isso,
Hoje,


Ainda morro.

Uma Dor

É desse sentimento que quero que compartilhe,
Da dor de morrer por e sem amor,
Da dor de acordar e saber que não o tens,
Da dor do sentimento doado e não recebido,
Da dor de desconhecer quem se ama,
Da dor de olhar o sol, o céu o sul e sentir saudades,
Da dor de escrever pra nenhum peito,
Da dor de não se sentir acompanhada,
Da dor de não ter lágrimas, mas chora.
Da dor de sentir o peito vazio e cheio,
Da dor de ver coisas boas e querer oferecer,
Da dor de ser o outro e ser sozinho.
A dor é o que já não quero.
Me ouça...


Preciso chorar.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ao final.



Enquanto me lamento,
Você se lambe.

E vai passeando o tempo nessa angústia de coisas que não vão ser.

Multidão de desamor!

sábado, 25 de julho de 2009

Ganha pão

Certo dia perguntaram-me:
_ Faz Letras? Então escreve... Você escreve pra viver?
- Pra não morrer.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Conversa de loucos na fila de banheiro químico.

Acordei dormindo, pisei os chinelos encardidos de dias e fui tomar um comprimido para tentar não acordar na vida.
Eu mesma disse: Sabe aqueles dias em que tu acorda sem querer aparecer?
- Como assim, transparente?
- É... Aqueles dias em que ler um clássico romance de 5ª série é mais interessante... Aqueles dias em que reticências dizem tudo para nada.
- Merda, apague o sol e venha pra cama!
- Mas eu só queria ser diferente.
- Vá ao ginecologista, escreva sem nexo, faça sexo e mude o sofá de lugar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sem nada

Ausência é um coração batendo vazio.
No vazio de um peito morto.
Morto por lembranças que atentam em surgir.
Surgir de um mar de emoções, morto.
Morto.
Coração vazio é ambiente cheio de amor.
Amor por quem deveria ter sido e não foi.
Não foi por que das leis da vida se sabe pouco.
Pouco o suficiente para entender que tudo que vai, volta.
Volta...
Conversando com amigo em palestra suave ao cair da tarde descobri,
Sentir saudades me mata, cada dia um pouco.
Pouco o suficiente para doer.

Presença

Ela sente falta, Eu sinto
Eu sinto muito.
Saudade...
É pouco.
Palavra.
Definir isso tudo aqui, aqui.
Que se sente.
Um irmão.
Um amor.
Um corpo.
Uma vida, A vida.
É sentir saudade.
A presença, constante do ausente.
Se veio.
Se foi.
Quem sabe?
Saudade...
Palavra pouca.
Para dizer o que e quanto perdi.
Eu te amo.
Isso tudo cabe Aqui.

Saudade

Cimento, plástico, vidro.
Sou da era,
Do novelo de lã.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Lembrete

Eu não vou esquecer!
Não vou esquecer as chibatadas,
Não vou esquecer as correntes,
Não vou esquecer as voltas na árvore do esquecimento,
Não vou esquecer minhas contas e colares.
Não vou esquecer!
Eu não vou esquecer os porões,
Não vou esquecer o quarto de empregada,
Não vou esquecer suas teorias,
Ah disso não vou!
Não vou esquecer sua eterna hegemonia.
Eu não vou esquecer!
Não vou esquecer o olhar.
Não vou esquecer de que meu suor é igualzinho ao teu,
Não vou esquecer de que levanto cedo.
Eu não vou esquecer!
E você?
To achando bom lembrar!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Inspiração

Inspiração
Ins pira a ação.
In espira ação.
In espira ção.
Inspiração.
Ins piração.
Innnn espira ação. (suspiros)
Inspiração.
Cadê você?

domingo, 5 de julho de 2009

Libra ( À Helen Marques, a indecisa)

Eu queria um namorado,
Hoje, já não tenho paciência.
Queria Mestrado em Educação,
Agora já vejo a Literatura com maiores olhos.
Precisava de uma blusa azul, mas a Amarela ficou demais!
Ou isto ou aquilo, como dizia Cecília.
Já não sei...
Prefiro chá, mas café com leite cai bem.
Queria menino pra vestir de azul,
Mas menina de rosa é meigo...
Queria pintar de acaju, mas louro é mais astral.
Eu não quero casar, mas viver sozinha é no mínimo difícil.
Adoro dormir abraçadinha, mas toda noite dá calor.
Gosto de estar sozinha em casa, mas ligo a TV pra me sentir acompanhada.
Gosto do silencio da madrugada, mas silêncio demais nem o vazio merece.
Sou uma linha cheia de curvas.
Uma constante inconstante
E isso, nem Freud explica.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Condições

Quando perder minha angústia,
Depois que suplantarem minha esperança
Posso morrer.
Quando perder o orgulho,
Quando matar o respeito,
Depois de ouvir a última música triste em dia de festa,
Posso morrer.
Quando assassinarem minha euforia e a covinha do teu sorriso sumir,
Posso morrer.
Quando humilharem meus anseios, derrubarem meus projetos,
Quando não chover mais no Sertão de minha aspereza,
Posso morrer.
Quando a última lágrima cair do teu pesar,
Quando não conseguir mais sorrir da gente,
Posso morrer.

E quando não houver mais medo do passado,
Ai eu renasço.

Se



Se não era para comer com gosto,
Para que o tempero?
Se não for para viajar,
Para que a paisagem?
Se não for para beijar,
Para que a boca?
Se não for para seduzir,
Para que perfume?
Se não for para viver,
Para que o amor?
Se não for para o novo,
Para que passado?
Se não for para amar,
Para que nascemos?
Se não queria,
Para que veio?
Se...
Por que?
Perguntas a serem feitas que fazem-se por si,
Só.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Amor é isso (À Andrey Oreszco , Guilherme Dourado e Noca)

Perguntando sobre o que é o amor
Vi você
Vi seus olhos,
Vi a vontade
De dizer bom dia e não receber nada em troca.
Perguntado sobre o que é o amor
O poeta respondeu:
“O ganho não previsto”
Amo tanto e torto, mas amo.
Amor é isso,
É ir à praia perigosa e levá-la pela mão,
É ter fé nas coisas não vistas,
É acordar e respirar fundo por que se tem muita coisa pela frente,
É olhar nos olhos e entender meio mundo,
É seguir a estrada sabendo e não quem estará lá,
É beijar a boca e girar meio peito,
Amor é isso.
É ter nas mãos o futuro de alguém,
É ter nos braços o filho do mundo,
É ter no carinho o peso de saber que tua mãe é tua filha e será outra vez tua mãe.
Amor é isso.
É responder com mil significados a pergunta que não se faz.
É ser feliz mesmo com medo,
É ter certeza na dúvida que trás sempre esperança,
É tentar ser.
O amor é isso.
É se sentir feio e enxergar no feio a maior beleza de ser único,
É ser unicamente belo no meio de tantas belezas.
O amor é isso.
Escrever pensando em três pessoas
Três palavras:
- Eu te amo.
É dizer sem esperar nada em troca,
E dizer todo dia,
É esperar ouvir do fundo
E não saber o que significa.
É isso o amor.
Amar,
Amar sempre, sem significados,
Sem medo,
Renovando...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Manias

Tenho manias...
Escrever só com lápis de carvão,
Levanto sempre com o pé direito,
Escrevo o que quero esquecer num papel, rasco e queimo.
Escrever algo que não pareça comigo, nem contigo,
Escrever para botar pra fora e exorcizar,
Você não entende...
Só se tem o que se pede, verdade...
Juro que é assim.
Pedi tanta coisa e nem me lembro mais,
Mas elas acontecem, me tiram pedaço, me arranham, me fazem rir,chorar,
Me matam.
Quando o peito me dói, tomo remédio e condenso o choro.
Manias...
Não passo na faixa pisando no branco,
Não saio de casa sem dizer a mim mesma:
-Vá com Deus.
Na falta de vozes converso comigo mesma e finjo
Que é meu Anjo de Guarda quem responde.
Não consigo redigir em máquina de escrever.
Sofro com meu olfato apurado
E com minha visão desfocada,
Eu me olho no espelho como se estivesse diante de câmaras da Globo.
Passo óleo corporal como se fosse dormir com Meu Amor,
Perdi algumas manias.
Adquiri novas.
Fico roendo o canto da boca, tiro cera do ouvido todos os dias de manhã...
Quando me visto pra sair, danço pra ver se a roupa vai combinar.
Manias.
Quero assumir ao mundo que lavo calcinha depois do banho
E que quando acordo,
Penso em mim.
Mania terrível essa de querer matar.
Sem conseguir.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mãe II




Quantas vezes eu quis levá-la a praia
Para exibirmos nossos biquínis
Quantas vezes quis, deitar em teu colo.
E falar de meus amores, desamores.
Como quis ouvir tuas músicas
No quintal ao sol...
Quantas vezes sei, que tu querias me ninar.
Quantas vezes desejei dar lhe, boa noite.
Quantas vezes quisestes gritar ao mundo
“É minha filha”
Como quis comer teu feijão
Pentear-lhe os cabelos
Quantas vezes segurou minha mão
Sorriu-me com tuas falhas
Eu sei, brigamos.
Mas, quem não o faz?
Quantas vezes eu disse
“Vou fazer”
E mesmo sabendo não ser bom me apoiastes
Quantas vezes errei contigo
E apagastes com a borracha da vida e o esfregão do tempo
Por quanto tempo não fui tua filha!
E tu seguiste sempre sendo
Minha Mãe.

Mãe

Foi assim que a olhei
Ali, tão a mercê de mim.
Tão pequena e inocente
Tão minha...
Por mais que não dissesse
Eu a amava
E chorava
E ria
Assim mesmo tão complicado e simples
Não te vi. Quanto tempo...
Um dia veio me pedir conselhos.
E eu como toda boa mãe, entreguei todos eles.
Sei. Sou tua única mãe.
Sua filha tão grossa e singular.
Tão ponta de faca.
Tão areia nos olhos.
Sua filha-mãe.
Sente-se em meu colo...
Cuido-te, tome seu chá e venha dormir.
Minha filha.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Esse mundo



Esse seu mundo chega a me magoar,
Já não sei como entrar
E sair.
Não!
Seus olhos ficaram escuros, tuas mãos já não tocam
Ao mesmo modo.
Naquela noite, tu saístes correndo
Porta a fora
E eu atrás.
Mas ficou num lugar que eu já não posso ir.
Nem eu posso
Nem tu deixas...
Volta.
Volta daí criança presa,
Volta pra tuas plantas,
Pra teu gato,
Pra tua casa,
Pra tua filha.
Nesse teu mundo de vozes e olhares
Eu já não caibo
E não me cabendo desespero-me,
Sendo má,
Sendo só,
Sendo pó.
Cansei de me lembrar de coisas passadas e sofrer de novo, e sempre e toda vez.
Eu não disse que te amo, eu disse que sou o amor teu.
A loucura e a sanidade são irmãs de sangue, parentes separadas, por linha tênue.
Já fui lhe visitar, mas só cheguei à porta...
Eu não sei mais brincar disso que pões,
Eu não quero me perder nesse labirinto cerebral,
Eu não quero te perder outra vez,
Não tem graça brincar de ser grande e só.
Volta daí,
Que tem muito aqui fora te esperando...
E a gente tem muito que se ensinar.

Leis

A partir de hoje
Fica terminantemente proibido
Chover aos domingos, feriados e dias de solidão.
Fica eminentemente decretado,
Que as meninas apaixonadas podem fazer escândalo
E que meu coração é só seu
E de mais ninguéns
Iguais a você.
Fica decretado e com respeito
Que homem bonito
Pode amar mulher feia
E vice-versa.
Fica certo que de hoje em diante
Tomar banho de mar
Em plena segunda-feira de trabalho
É legal.
Decreto lei que se faz forte.
E que todo o chocolate do mundo
Não te fará engordar
E que se você estiver triste,
Pode comprar sorrisos na vendinha do canto da rua.
E a prazo!
Fica determinado que o teu futuro
Será brilhante e que teus filhos vão se orgulhar sempre de ti.
Fica certo que todo ser humano deve reciclar,
E passear de mãos dadas com seu parceiro aos 80 anos no jardim da praça...
Fica acertado de todo, que o amor deve aparecer em nossas vidas
Pelo menos uma vez...
Ao dia.
E que todo ser humano tenha um fone de ouvido interno, tocando sempre a trilha sonora de sua vida...
Fica decretado a partir de agora
Que eu e você
Amaremos-nos sempre
Hoje, amanhã e na próxima estação...
Lembrando que se for inverno,
Não pode chover!
A não ser que se entre com recurso
E ainda assim
Só se for onde se necessite dela...
A chuva.
Em outro interior vale,
Por que meu coração e o seu,
Eu sei,
Já não agüentam mais guardar essa chuva triste e...
Sem fim.

sábado, 2 de maio de 2009

Tempo é dinheiro



Dinheiro da internet
Dinheiro do telefone
Dinheiro do celular
Tempo para o amor
Tempo para sair
Tempo para dormir
Tempo para trabalhar
Tempo para viver
Tempo para estudar
Dinheiro pra sair
Dinheiro pra viver
Dinheiro pra viajar
Tempo para conversar
Tempo pra mim
Dinheiro pra você
Tempo é dinheiro.
Meu relógio parou...

Meu viver sem cortes.

Sinto saudades dos amigos
Não consigo chorar,
Falo espanhol e um pouco de inglês.
Tenho amigos?
Falsos amigos e amigos distantes...
Não tenho apetite, mas tenho fome.
Ouço música pra sofrer.
E não consigo sorrir quando alguém diz que devo.
Amo antidepressivo
E as coisas.
Mas não consigo fazer isso às pessoas.
Não sou de verdade,
E odeio mentira.
Eu sou uma montanha de coisas fáceis.
De medos,
E lágrimas.
Odeio drama, mas vivo com ele.
Odeio a minha falta de sensibilidade,
E o peso nos meus ombros...
Sou desequilibrada a qualquer momento...
Sinto-me só,
Sinto-me mal amada.
Tenho horror a isso, mas sei
Que sou assim.
Às vezes quero matar o computador e assassinar meus textos
E fazer viver, algumas pessoas que já morreram.
Meu estômago é fraco e eu também.
Minha vida é uma sucessão de grosserias e desafetos,
Além dos fracassos amorosos...
E das frases incompletas.
Agora você me fale aí a verdade!

Meu viver, não é nada poético.

domingo, 19 de abril de 2009

Para Alberto, Fiel comentarista deste Blog.

Comentário



Por que publicar?
Pra quê esse blog?
É da frustração de não vê comentários.
E saber que não sou
Antes mesmo de ser,
Poeta.
Pra onde foi o Cânone?
É como dizer:
- eu te amo.
E todas as poesias
Tornam-se jornais de alta circulação
Cada poesia é amor
Cada interesse seu,
Uma paixão,
Ainda que de momento,
Muito embora,
Nesta multidão de desamor,
O que nos separa
Seja apenas um click,
Continuarei publicando...
E quanto a você?
Passe logo essa mão pro mouse.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Senhor de si. (À Yuri Zalcbergas)




Das suas cores
E imagens
Conforto-me.
Suas formas,
Seus medos pouco notados,
Suas palavras não óbvias,
Sua descendência
Seus pais e futuros...
Seus dreads e olhos...
Da gaita sua
Saltam angústias bonitas
Menino do vale.
Seguro de si,
Caminha por entre lentes
E tapetes,
Passarelas
Meios.
E és o Deus do que escrevo agora.
Meio milhão de anos para andar por sobre ti,
E por sobre tua face de soberania óbvia...
Exageros a parte
És tanto e muito.
Não sei como e quando dizer,
Sem parecer demasia.
Mas antes de ver
Tu és.
Menino meio russo,
Meio mundo,
Meio tudo.
Das suas cores e imagens vejo lentes
Caminhos
E as belezas...
Que caem aos montes de ti.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Meu




Não sejas tolo,
Não vá em busca de amor em outro seio,
É aqui que você mora,
Não sejas burro não corra por ai,
Não seja insano a minha boca é teu refúgio,
O meu olho é lugar de tua boca quente,
Não seja besta,
É entre minhas pernas que tu vive,
Que é teu canto,
Que te mostra o brilho...
Meu corpo é teu lugar de recanto
Onde teus sonhos nascem, crescem e vivem.
É de mim que você se alimenta.
Não adianta correr, tentar e se enganar,
Meus cabelos te amarram onde querem,
Meu olhar te espreita e te protege,
Onde quer que vá,
É a mim que chamas quando medo tens...
É do meu jeito e sorriso que precisa,
Teu sono depende, do meu: "boa noite"...
Não te iludas, tu e eu somos muito mais eu.
Não sejas tolo, as tuas tardes não terão paz,
e a tua noite não terá gozo,
É da minha saliva e de meus ouvidos que tu cresce!
Não seja tolo!
Burro!
Idiota!

Eu e você te amo.

domingo, 12 de abril de 2009

Mil histórias. Conversa de msn.




"toda história tem q ter uma trilha sonora . . ."

Tudo na vida tem um som,
Um tom,
Um dom...
Todo olhar tem um som ao fundo,
Todo amor tem um som de inundo,
Passa pelo cheiro, pelo lugar e pelo tempo...
Tudo na vida tem um som,
Lulu, Caetano, Pop Rock romântico, Baladas em Inglês que nem dizem o que queremos e entendemos...
Mais serve!
Um tom "mela cueca",
Ou que faça chorar,
Uma música que sempre toca,
Na rádio,
No ouvido,
No coração...
Tudo na vida tem que ter trilha sonora...
Air supply,
Aviões do Forró,
Ou o som dos tambores de peitos desesperados.
Toda história tem que ter uma trilha sonora,

Ando ouvindo mil músicas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Jesus Da Silva Coelho



Querido Coelhinho da páscoa,
ou me trás ovo grande,
ou peço pra Jesus diminuir seus lucros.

E ai seu moço,

só vai dar Papai Noel...

Retalhos



As azeitonas que acabaram
O cavalo que fugiu de mim e em mim
E seu cabelo que se cortou,
Ou cortaram?
Eu não sei bem,
O sentido de se ter rumo,
Ter sentido,
De não comer de mão suja
De não falar de boca suja
De não lavar a alma suja
Eu vou fazendo tudo como manda o figurino
Em uma colcha de retalhos.
Cada um no seu retalho, não quadrado...
Sua agulha,
Sua dor.
E pra encerrar?
Ninguém diz nada,
A poesia é minha, costuro aqui
O que quiser.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

?



Por que produzir poesia?
Para quê postar em blog?
Por que escrever poesia?

Para guardar nas pessoas...

De Birra.



Viver sem esperar nada.

E quando chegar...

Não verá como sendo, por que não esperava...

Se não chegar?

Também nem queria...

terça-feira, 31 de março de 2009

Querer




Nenhum sofrimento é pra sempre
Nenhum.
Repito
Nenhum!
Eu quis tanto você.
Quis teu beijo.
Quis uma companhia.
Quis amanhecer do teu lado e ver aurora de Drummond
Chegando junto com o leiteiro.
Eu quis!
Eu quis tanto um beijo no olho
Uma mão no peito e a outra em outro lugar...
Eu quis andar na grama, na areia da praia e em brasas.
Com você...
Eu quis tanto te ensinar a sentir o carinho do vento
E ouvir Lulu Santos.
Eu quis tanto te dizer que estava ali.
Eu quis!
Eu quis tanto te mostrar como é bom lamber a panela e sujar o nariz.
Eu quis tirar fotos de pôr-do-sol e borboletas.
Eu quis!
Eu quis cantar pra ti,
Eu quis coisas que não quis pra ninguém.
Eu quis abrir minhas asas,
Eu quis te mostrar o clichê e o anormal.
Eu quis te dizer que praia é bom
E beijo na boca também.
Quis te dizer que assistir ao filme que se gosta dez vezes e chorar,
É bom e é normal.
Eu quis rir contigo das mesmas piadas,
Ensinar-te novas piadas.
Eu quis!
Eu quis viajar dias e noites ao teu lado e viver.
Eu quis!
Eu quis tanto te ensinar a dançar com o corpo e a mente soltos.
Eu quis te dar todas as minhas lembranças boas, bombons e velas.
Eu quis!
Mas nenhum sofrimento é pra sempre...
E meu brigadeiro tá no fogo.

Ando mal

Eu que não queria
Nem deveria ser assim
Dos olhos o fel árido e sanguíneo desliza.
Choro...
Lágrimas de mim.
Que me ardem o peito
E desenha caminhos na face um tanto dura.
Rasgam caminhos na outra.
Eu sou dez.
Dez mulheres em ruínas
De sombra má...
E eu que não queria ser assim...
De fel
Barro

Sangue
E leve certa dor
E ódio.
Eu sou dura...
Mas derreti num só lugar.
E morri três vezes
Eu não presto.
Não cumpro.
Não aprendo.
Não curo.
Não sou.
Êta, fase ruim.

domingo, 29 de março de 2009

Hoje, é O dia.



no dia em que não se quer abrir os olhos,
no dia em que morrer seria fácil,
no dia em que não se anda nem se para,
o paradoxo é a melhor paz de espírito,
o não é isso
e o sim necessário.
no dia em que se iniciam frases com minúscula
e as coisas não são,
não são tão fáceis, nem tão boas,
no dia em que a cruz é leve e o fardo é só meu.
no dia em que o inferno de dante é aqui dentro
e todos eles saíram pra tomar um chá, de sumiço.
onde estão todas as minhas horas extras?
onde posso respirar e dormir em paz?
é aqui dentro que vocês moram e inquilinos mentem...
no dia em que todas as poesias são confusas
e me encontro grávida
de saudade,
de medo,
e de ódio.
que nome daria a esse filho?
LIRISMO.
no dia em que todas as coisas não são,
me pergunto sempre:
- que dia é hoje?

terça-feira, 24 de março de 2009

De Início.

Comece a fazer diferente
Por que é do diferente que elas gostam mais
Comece a acordar mais cedo e reparar na claridade do sol
Comece a fazer diferente
Ouça música no volume dos vizinhos
Comece...
Adore clichês, por que são de verdade.
Comece a fazer diferente
Visite as chapadas, se já foi, vá novamente
Existem sempre vários caminhos pra um mesmo lugar...
Comece a fazer diferente
Faça pedidos ao pôr-do-sol
Repare nas estrelas que caem à noite
Comece a fazer diferente
Leia poesia em voz alta
Dance sua música predileta em alto e bom tom
Aprenda a dançar forró universitário
Olhe nos olhos e sorria de verdade
Comece a ouvir os velhinhos
Eles sempre têm algo de lúdico e lúcido a dizer...
Comece a fazer diferente
Escreva besteira e produza algo sério
Dê novas chances a novos amores
E aos velhos também.
Assista a filmes comendo pipoca ou brigadeiro
Se preferir coma os dois
Saia da rotina e veja o que mudou
Ligue para velhos amigos
E faça outros novos pra poder ligar mais tarde
Comece a fazer diferente
E veja que o diferente é ser igual em horas distintas.
Comece a fazer diferente
E perceba que ser igual é só mais um modo de ver o clichê.
Afinal é de lugar comum, em lugar comum
Que a vida enche o saco.

De Medo




Das coisas que você não vê
Eu tenho medo
Do brilho nos meus olhos
No alto daquele monte
Do respirar fundo
Em tardes de sol frio
Das coisas que você não vê
E nem tem certeza.
Do meu jeito.
Do meu sorriso.
Da minha saudade.
Das coisas que eu já vi.
As trilhas que não faremos,
O calor que não trocamos,
As coisas que não dividimos.
E esta cachoeira?
De sentimentos, cheiros e negações.
É disso que tenho mais medo
Que os teus traumas me matem antes do banho.
Loucura.
Das coisas que você não vê
Meus olhos morrem
De medo.
Carnaval é tempo de...

Viajar pra bem longe da folia e descobrir outros lugares...

Descoberta: Vale do Capão.

O que vale




Existe um lugar
Onde o sol te acorda sereno...
Existe um lugar
Onde a água tem gosto
De liberdade. Onde o beija-flor
É vizinho constante
E as crianças carregam
No rosto a pintura
De dias melhores.
E as rodas de samba
Sempre começam com alegria
E acabam com um “até breve”.
Existe um lugar
Onde as definições
Perdem o sentido
E apenas o olhar
Importa.
Existe um lugar
Onde todas as lembranças boas
Vêem à tona
Onde tudo que é banal
Perde mais uma vez o sentido
Existe um lugar
Onde as mães respiram
Os filhos.
E a família
É uma essência só.
Existe um lugar
Onde a pressa não tem por que
E se tiver
É problema seu.
Existe um lugar
Onde os caminhos
Têm cheiro de “quero viver pra sempre”
Onde as mãos não param
E se ajudam.
Existe um lugar
Onde libélulas azuis
Mostram sempre o caminho.
Existe um lugar
Onde o plástico
A buzina
Não têm nome nem vez.
Existe um lugar
Onde viver bem é possível
Onde os caminhos
Cruzam-se
E nos fazem sempre encontrar
A trilha de um sentimento bom.
Existe um lugar
Onde me encontro
Onde todas as pontes
Levam-nos a crer
Na vida.
Onde o céu é tapete de estrelas
E a única pressa que vale
É a de enxergar
O que virá
Além...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ahhhhhhhhhh, essa da foto, é Fernanda priminha... O mundo dela, de que cor será?

Óculos




Coloquei meus óculos
E sai pelas ruas,
Aqui por trás faço o que bem entendo.
Choro,
Não tenho medo,
Olho quem e pra onde quiser...
As nuvens são mais bonitas,
E a depender das lentes
Tem outra e estranha cor.
Rosa?
Prefiro os tons pastéis,
Menos desastrados...
Sentamos na calçada e vimos o tempo e as pessoas passando.
- Cansadas?
- O que estão olhando?
- Em plena segunda-feira?
Os dias passam bem mais devagar pra quem não tem o que admirar,
As pernas passam, os olhos se cansam, o mundo se perde...
Ela e eu ali:
- Já parou pra usar seus óculos hoje?
Eu vejo o mundo da cor que quiser... Pinto o meu milagre.
Entre tantas pessoas e desorientação,
Ouvi você dizer:
-Cansei de ser pobre.
Vou comprar um mundo novo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Go.

Antes que a lágrima caia
Antes que esse choro corte todo o meu orgulho
Vá...
Antes que eu me esqueça que te amei
Antes de me lembrar de tudo que vivi
Antes que essa maldita música se acabe
Vá...
Vá e pra bem longe
Até onde eu não te sinta
Ande por todos os dias e noites em que eu viver
Ao mais distante horizonte
Vá...
Foram duas lágrimas, únicas.
Rasgaram meu rosto como carvão em pé de criança
Os meus cachorros não comem mais direito
E brigam dentro de mim durante todas as horas
Horas...
Vá...
E não me peça novas conversas!
A repetição da ida, da não mais volta.
Vá...
Até que eu me certifique que você,
Apenas foi.
Dos compromissos que não tive...

O anel

E veio com toda a saudade de antes
Meus restos buscando por ai, teus pedaços.
Um dia sem sol, foi o que pedi.
Pra sofrer de tudo que atrasei
Foi o laço, o anel, a data.
Foram meus, eram meus, tem minhas marcas.
Num susto, a verdade me feriu.
Minto pra você por que preciso acreditar
Em tudo que não consigo.
Foi o anel e adeus pra mim, para sempre.
Vá...
Rezei por nós.
Por um fim aqui por dentro, mas alguma coisa ainda vive.
Bichinho atrapalhado por entre fotos na memória, fitas cassetes, caixinhas, lã, bibelôs e mais caixas...
Alguém me dê uma resposta, só o que peço, basta uma.
Preciso chorar
Queimar todas as caixinhas existentes ainda aqui, dentro de mim.
E tudo isso por um anel.
Em conversas de jardins, dessas que você senta numa varandinha, toma um café e vai aprender sobre relacionamentos com as Tias mais velhas... Escrevi "Jardins" depois de uma dessas conversas.

À Tia Lena.
=)

Jardins




E no fim
Não há muito o seu lado
O brilho nos olhos
Apagou agora há pouco.
Nesta falta de energia...
Já não é mais enérgico brigar
E brigamos...
Brigamos porque foram,
Planos.
Foram-se todos os planos!
Na celeuma das separações.
Tudo se vai, vão-se os carinhos
E ficam as dúvidas. Perguntas.
Nessa comédia do cotidiano
In acabado.
Me pergunto agora:
Quem vai ficar com o bonsai?

Qual a gracinha da vida?


- Gostar.

Definição (À Gabriel Garcia)




Das perguntas inteiras
Deixo-me respostas cortadas.
É como definir-te
Assim,
Tão de pronto.
E todos os adjetivos caem por sobre mundo
E ficam teus olhos,
Teu cheiro bom
E todo o resto.
Da personalidade forte
Do olhar cortante
Do jeito completo de despertar
Onde em você, tudo é intenso e não.
Nesse seu universo de leis e ordens
Perco-me.
E vou me achar no longínquo
Sorriso mais de anjo,
Mais de homem.
É morar em ti
Dormir em teu mundo
E me sentir segura.
É toda a tua doçura
Fazer de ti,
Amante das coisas que já não me lembrava,
Mas amo.
E amando não sei mais voltar
Um certo amor, que não se perde em banalidade.
Entrega-te a esse leito de rio em fúria
Mergulha nisso que te ofereço
E amanhã,
Já não será ambígua.
É tudo que assisto em teus olhos
Assim, quando me olha.
É tudo de verdadeiro que sei que em ti habita.
É toda a tua sinceridade em noites de cansaço.
É toda a tua importância mesmo não me sabendo.
É todo o teu cuidado com coisas que ainda te importam.
É teu beijo.
É teu jeito.
É toda a delícia de ser angelical e forte.
É todo o paradoxo que em ti reside.
É toda a minha vontade.
É toda vez que tem dúvida sobre de qual lado vai estar.
É você.
Das perguntas inteiras,
Sei dizer metades,
Mas sei de tua inteiridade
Em mim.

terça-feira, 3 de março de 2009

A importância do ato de ler

Olhei no fundo e li
Que andavas triste.
Olhei teus seios e li
Tua idade.
Olhei nos olhos e li
A decepção.
Aprendi a ler
Quando aprendi a ver.
Assim...
Bum!!!!
Instantâneo.
Olhei pro céu
E li a seca.
Olhei a pele
E li a injustiça.
Olhei o papel
E li a idéia.
Nas entrelinhas da vida
Leia-se.
Publique-se
Registre-se.
Aplique-se.
É preciso ser feliz.
Li isso em tantos livros
Que cansei de olhar
As pessoas.

Gotas

A vontade de chorar
Veio
E eu
Chovi.

De fogo (À Bruno Macêdo)

De fogo...
Perguntei-me um dia se fogo queima na água
Constatei, andando por entre teus mistérios.
Que fogo queima, em tudo e em todos os lugares...
Não sei ao certo se me encontro em teu fogo
Sei que me perco em tuas chamas e vou me encontrar.
Encontrar-me onde não preciso ser ela ou ninguém
Apenas eu...
De fogo, fênix.
De sol, suor e olhos.
Teus olhos
Negros como eu
Outrora nem sei de que é feito
De qual perfume, histórias ou lendas épicas.
Sei que gosto de tuas mãos, cheiro e volúpia.
E me precipito em tuas águas e deleites.
Sem saber onde vou parar...
Até que a fênix ressurja
No mais rasante vôo
E me leve nas diversas correntezas
De nenhum lugar comum.

Meu Velho amigo (Aos velhinhos) *Fiz esse depois de descobrir um problema nos ossos do joelho com 23 anos

Os passos agora são lentos
Ao longo dessas retinas se vê de tudo.
Televisão, Guerra e Nascimentos.
São mortes que vivem nascendo
Rugas que merecidamente alojam-se.
E em cada caminhada matinal
Filmes são vistos, andando diante dos olhos.
Que já não são os mesmos...
O respeito pela avó. Onde anda?
Uma nova maturidade nasce aqui
Aquela de entender como eram os tempos
E como se foi o fogão a lenha, a chaleira e o ferro a brasa.
Maturidade de aceitar que pés de galinha, cabelos brancos e
A fragilidade dos joelhos, sempre chegam.
E na pressa do dia-a-dia
Esquecem-se como o tempo andou
E ainda anda...
Pés mais lentos.
Anos mais velozes.
Os passos agora são anos
Os descendentes se somam e herdam...
Herdam queixos, manias e ganham dengos.
E as histórias são quadrinhos
De lendas ambulantes,
Que aos milhares se fazem
Sem contar...
Na calçada da vida muita vez,
Os lentos passos a se atrapalhar
A moleira já não é a mesma.
São lendas que contam um povo
Uma legião
De velhos, amigos.
Do tempo.

Negros Cabelos (À Andressa Pitombo)

Dos cabelos negros,
Não sei que cheiro vem,
Apenas a malícia de cachos e tranças
O balouçar de teus lábios
E as aventuras que não rejeitas
Tudo isso num só corpo
Gigante por natureza e flores.
Tuas plantas, caules e besouros
Teu sorriso de todas as difíceis manhãs.
És de flor.
De peixes.
E nomes.
Não te escrevo por que não tens pouco tamanho
E embora conheça bem seus dreads
Embrenhar-me não ousaria.
Aventura de mais pra uma mulher, só.

Tendência

Era uma enorme e rodeada
Circular e cheia
De longe parecia Black Power
Arrojado e comum.
Por todo lado de sê.
É moda!!!!
E parei pra perguntar:
- Árvore gosta desse tipo de corte de cabelo?

Sapataria

É isso que me faz sorrir sozinha
Que me esquenta nas noites de frio
E que me faz deixar tudo lindo
Nas tardes cor de chumbo
Nem gosto daquele cantor
Mas teus olhos brilham tanto com esse som
Sinto-me tremer constantemente com um frio interno, que me esquenta.
Queria você sempre
Aqui dentro com todos os acordes, tons laranja e chocolate.
Queria você aqui com todo esse sorriso
É isso que me faz sorrir sozinha
E balançar os pezinhos freneticamente de modo suave
Ainda bem que tu existe.
Ideal, você.
Que me deixa ouvir essa música no banho
Que me faz acordar bem, mesmo quando não dormi
Ideal, você.
Que me deixa escrever aos rios, todas as palavras em córregos.
Eu te vi ai dentro do meu olhar
No brilho deste cabelo.
No estender dos meus lábios.
Está em mim.
“Felicidade é um par de botas. Boa Noite, e calçai-vos!”
Vejo botas em todas as partes do meu corpo.
Vou abrir uma sapataria.

Gaiola (À Igor Bento)

Em verdes campos
Vi teus olhos de cerrado
Perdidos por entre paisagens, caatingas e histórias.
Aventuras, viagens.
Voa pra dentro de mim, passarinho.
Voa pra fora do mundo...
Embora soubesse te prender
Não o quis.
Quanto mais te solto
Mais voa pra dentro
Do teu mundo.
De ervas, velocidades e medos.
Das dúvidas inteiras
Te fiz de pedaços.
Pedaços de homem-menino
Pedaços de gaiola e corações.
Ensina-me a gostar de ser livre,
De saber como se ama,
Ensina-me a ser passarinho. Assim como tu.
Voando de coração em coração,
De flor em flor,
De cama em fruto.
Ouse sair da gaiola,
E visitar outros ares, rever outros mares
Isso tu sabes fazer.
Põe-se livre.
Passarinho meu, te sinto solto
Sinto-te amargo,
Mas hei de provar do teu sumo.
Escondido no mais alto vale,
Na mais dificulta trilha,
Dos rumos que não sei criar.
Abre a gaiola...
E voa outra vez por meus caminhos,
A rigor, nobre Igor,
Voa do jeito que quer.
Mal sabendo tu,
Dos bons ventos que a ti trouxeram
Aqui.

Louco

Ei loco!
Olha pra mim e diz que não é
Persegue a todos,
Dorme mal,
Pega no pé.
Vai pentear esse cabelo
Que eu quero produzir
Ei loco!
Pára de pensar na vida do outro
De minguar água mineral, banana madura
E cadeira velha...
Gostei de te escrever gritando!
Pára de ficar sem dormir
De digitar senhas incorretas
Ei loco!
Meu louquinho de pedra...
Amolece homem.
Pára, pára de entrar em comessões íntimas.
Vai acabar emagrecendo
E ninguém vai produzir
Destrua teus murais, agendas e responsas
Aliás, seja mesmo assim.
Se não,
Enlouqueço.

Espectro ativa

Lá de longe
Eu vi
O homem
E não era você.