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Pirações de uma pretinha.

terça-feira, 31 de março de 2009

Querer




Nenhum sofrimento é pra sempre
Nenhum.
Repito
Nenhum!
Eu quis tanto você.
Quis teu beijo.
Quis uma companhia.
Quis amanhecer do teu lado e ver aurora de Drummond
Chegando junto com o leiteiro.
Eu quis!
Eu quis tanto um beijo no olho
Uma mão no peito e a outra em outro lugar...
Eu quis andar na grama, na areia da praia e em brasas.
Com você...
Eu quis tanto te ensinar a sentir o carinho do vento
E ouvir Lulu Santos.
Eu quis tanto te dizer que estava ali.
Eu quis!
Eu quis tanto te mostrar como é bom lamber a panela e sujar o nariz.
Eu quis tirar fotos de pôr-do-sol e borboletas.
Eu quis!
Eu quis cantar pra ti,
Eu quis coisas que não quis pra ninguém.
Eu quis abrir minhas asas,
Eu quis te mostrar o clichê e o anormal.
Eu quis te dizer que praia é bom
E beijo na boca também.
Quis te dizer que assistir ao filme que se gosta dez vezes e chorar,
É bom e é normal.
Eu quis rir contigo das mesmas piadas,
Ensinar-te novas piadas.
Eu quis!
Eu quis viajar dias e noites ao teu lado e viver.
Eu quis!
Eu quis tanto te ensinar a dançar com o corpo e a mente soltos.
Eu quis te dar todas as minhas lembranças boas, bombons e velas.
Eu quis!
Mas nenhum sofrimento é pra sempre...
E meu brigadeiro tá no fogo.

Ando mal

Eu que não queria
Nem deveria ser assim
Dos olhos o fel árido e sanguíneo desliza.
Choro...
Lágrimas de mim.
Que me ardem o peito
E desenha caminhos na face um tanto dura.
Rasgam caminhos na outra.
Eu sou dez.
Dez mulheres em ruínas
De sombra má...
E eu que não queria ser assim...
De fel
Barro

Sangue
E leve certa dor
E ódio.
Eu sou dura...
Mas derreti num só lugar.
E morri três vezes
Eu não presto.
Não cumpro.
Não aprendo.
Não curo.
Não sou.
Êta, fase ruim.

domingo, 29 de março de 2009

Hoje, é O dia.



no dia em que não se quer abrir os olhos,
no dia em que morrer seria fácil,
no dia em que não se anda nem se para,
o paradoxo é a melhor paz de espírito,
o não é isso
e o sim necessário.
no dia em que se iniciam frases com minúscula
e as coisas não são,
não são tão fáceis, nem tão boas,
no dia em que a cruz é leve e o fardo é só meu.
no dia em que o inferno de dante é aqui dentro
e todos eles saíram pra tomar um chá, de sumiço.
onde estão todas as minhas horas extras?
onde posso respirar e dormir em paz?
é aqui dentro que vocês moram e inquilinos mentem...
no dia em que todas as poesias são confusas
e me encontro grávida
de saudade,
de medo,
e de ódio.
que nome daria a esse filho?
LIRISMO.
no dia em que todas as coisas não são,
me pergunto sempre:
- que dia é hoje?

terça-feira, 24 de março de 2009

De Início.

Comece a fazer diferente
Por que é do diferente que elas gostam mais
Comece a acordar mais cedo e reparar na claridade do sol
Comece a fazer diferente
Ouça música no volume dos vizinhos
Comece...
Adore clichês, por que são de verdade.
Comece a fazer diferente
Visite as chapadas, se já foi, vá novamente
Existem sempre vários caminhos pra um mesmo lugar...
Comece a fazer diferente
Faça pedidos ao pôr-do-sol
Repare nas estrelas que caem à noite
Comece a fazer diferente
Leia poesia em voz alta
Dance sua música predileta em alto e bom tom
Aprenda a dançar forró universitário
Olhe nos olhos e sorria de verdade
Comece a ouvir os velhinhos
Eles sempre têm algo de lúdico e lúcido a dizer...
Comece a fazer diferente
Escreva besteira e produza algo sério
Dê novas chances a novos amores
E aos velhos também.
Assista a filmes comendo pipoca ou brigadeiro
Se preferir coma os dois
Saia da rotina e veja o que mudou
Ligue para velhos amigos
E faça outros novos pra poder ligar mais tarde
Comece a fazer diferente
E veja que o diferente é ser igual em horas distintas.
Comece a fazer diferente
E perceba que ser igual é só mais um modo de ver o clichê.
Afinal é de lugar comum, em lugar comum
Que a vida enche o saco.

De Medo




Das coisas que você não vê
Eu tenho medo
Do brilho nos meus olhos
No alto daquele monte
Do respirar fundo
Em tardes de sol frio
Das coisas que você não vê
E nem tem certeza.
Do meu jeito.
Do meu sorriso.
Da minha saudade.
Das coisas que eu já vi.
As trilhas que não faremos,
O calor que não trocamos,
As coisas que não dividimos.
E esta cachoeira?
De sentimentos, cheiros e negações.
É disso que tenho mais medo
Que os teus traumas me matem antes do banho.
Loucura.
Das coisas que você não vê
Meus olhos morrem
De medo.
Carnaval é tempo de...

Viajar pra bem longe da folia e descobrir outros lugares...

Descoberta: Vale do Capão.

O que vale




Existe um lugar
Onde o sol te acorda sereno...
Existe um lugar
Onde a água tem gosto
De liberdade. Onde o beija-flor
É vizinho constante
E as crianças carregam
No rosto a pintura
De dias melhores.
E as rodas de samba
Sempre começam com alegria
E acabam com um “até breve”.
Existe um lugar
Onde as definições
Perdem o sentido
E apenas o olhar
Importa.
Existe um lugar
Onde todas as lembranças boas
Vêem à tona
Onde tudo que é banal
Perde mais uma vez o sentido
Existe um lugar
Onde as mães respiram
Os filhos.
E a família
É uma essência só.
Existe um lugar
Onde a pressa não tem por que
E se tiver
É problema seu.
Existe um lugar
Onde os caminhos
Têm cheiro de “quero viver pra sempre”
Onde as mãos não param
E se ajudam.
Existe um lugar
Onde libélulas azuis
Mostram sempre o caminho.
Existe um lugar
Onde o plástico
A buzina
Não têm nome nem vez.
Existe um lugar
Onde viver bem é possível
Onde os caminhos
Cruzam-se
E nos fazem sempre encontrar
A trilha de um sentimento bom.
Existe um lugar
Onde me encontro
Onde todas as pontes
Levam-nos a crer
Na vida.
Onde o céu é tapete de estrelas
E a única pressa que vale
É a de enxergar
O que virá
Além...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ahhhhhhhhhh, essa da foto, é Fernanda priminha... O mundo dela, de que cor será?

Óculos




Coloquei meus óculos
E sai pelas ruas,
Aqui por trás faço o que bem entendo.
Choro,
Não tenho medo,
Olho quem e pra onde quiser...
As nuvens são mais bonitas,
E a depender das lentes
Tem outra e estranha cor.
Rosa?
Prefiro os tons pastéis,
Menos desastrados...
Sentamos na calçada e vimos o tempo e as pessoas passando.
- Cansadas?
- O que estão olhando?
- Em plena segunda-feira?
Os dias passam bem mais devagar pra quem não tem o que admirar,
As pernas passam, os olhos se cansam, o mundo se perde...
Ela e eu ali:
- Já parou pra usar seus óculos hoje?
Eu vejo o mundo da cor que quiser... Pinto o meu milagre.
Entre tantas pessoas e desorientação,
Ouvi você dizer:
-Cansei de ser pobre.
Vou comprar um mundo novo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Go.

Antes que a lágrima caia
Antes que esse choro corte todo o meu orgulho
Vá...
Antes que eu me esqueça que te amei
Antes de me lembrar de tudo que vivi
Antes que essa maldita música se acabe
Vá...
Vá e pra bem longe
Até onde eu não te sinta
Ande por todos os dias e noites em que eu viver
Ao mais distante horizonte
Vá...
Foram duas lágrimas, únicas.
Rasgaram meu rosto como carvão em pé de criança
Os meus cachorros não comem mais direito
E brigam dentro de mim durante todas as horas
Horas...
Vá...
E não me peça novas conversas!
A repetição da ida, da não mais volta.
Vá...
Até que eu me certifique que você,
Apenas foi.
Dos compromissos que não tive...

O anel

E veio com toda a saudade de antes
Meus restos buscando por ai, teus pedaços.
Um dia sem sol, foi o que pedi.
Pra sofrer de tudo que atrasei
Foi o laço, o anel, a data.
Foram meus, eram meus, tem minhas marcas.
Num susto, a verdade me feriu.
Minto pra você por que preciso acreditar
Em tudo que não consigo.
Foi o anel e adeus pra mim, para sempre.
Vá...
Rezei por nós.
Por um fim aqui por dentro, mas alguma coisa ainda vive.
Bichinho atrapalhado por entre fotos na memória, fitas cassetes, caixinhas, lã, bibelôs e mais caixas...
Alguém me dê uma resposta, só o que peço, basta uma.
Preciso chorar
Queimar todas as caixinhas existentes ainda aqui, dentro de mim.
E tudo isso por um anel.
Em conversas de jardins, dessas que você senta numa varandinha, toma um café e vai aprender sobre relacionamentos com as Tias mais velhas... Escrevi "Jardins" depois de uma dessas conversas.

À Tia Lena.
=)

Jardins




E no fim
Não há muito o seu lado
O brilho nos olhos
Apagou agora há pouco.
Nesta falta de energia...
Já não é mais enérgico brigar
E brigamos...
Brigamos porque foram,
Planos.
Foram-se todos os planos!
Na celeuma das separações.
Tudo se vai, vão-se os carinhos
E ficam as dúvidas. Perguntas.
Nessa comédia do cotidiano
In acabado.
Me pergunto agora:
Quem vai ficar com o bonsai?

Qual a gracinha da vida?


- Gostar.

Definição (À Gabriel Garcia)




Das perguntas inteiras
Deixo-me respostas cortadas.
É como definir-te
Assim,
Tão de pronto.
E todos os adjetivos caem por sobre mundo
E ficam teus olhos,
Teu cheiro bom
E todo o resto.
Da personalidade forte
Do olhar cortante
Do jeito completo de despertar
Onde em você, tudo é intenso e não.
Nesse seu universo de leis e ordens
Perco-me.
E vou me achar no longínquo
Sorriso mais de anjo,
Mais de homem.
É morar em ti
Dormir em teu mundo
E me sentir segura.
É toda a tua doçura
Fazer de ti,
Amante das coisas que já não me lembrava,
Mas amo.
E amando não sei mais voltar
Um certo amor, que não se perde em banalidade.
Entrega-te a esse leito de rio em fúria
Mergulha nisso que te ofereço
E amanhã,
Já não será ambígua.
É tudo que assisto em teus olhos
Assim, quando me olha.
É tudo de verdadeiro que sei que em ti habita.
É toda a tua sinceridade em noites de cansaço.
É toda a tua importância mesmo não me sabendo.
É todo o teu cuidado com coisas que ainda te importam.
É teu beijo.
É teu jeito.
É toda a delícia de ser angelical e forte.
É todo o paradoxo que em ti reside.
É toda a minha vontade.
É toda vez que tem dúvida sobre de qual lado vai estar.
É você.
Das perguntas inteiras,
Sei dizer metades,
Mas sei de tua inteiridade
Em mim.

terça-feira, 3 de março de 2009

A importância do ato de ler

Olhei no fundo e li
Que andavas triste.
Olhei teus seios e li
Tua idade.
Olhei nos olhos e li
A decepção.
Aprendi a ler
Quando aprendi a ver.
Assim...
Bum!!!!
Instantâneo.
Olhei pro céu
E li a seca.
Olhei a pele
E li a injustiça.
Olhei o papel
E li a idéia.
Nas entrelinhas da vida
Leia-se.
Publique-se
Registre-se.
Aplique-se.
É preciso ser feliz.
Li isso em tantos livros
Que cansei de olhar
As pessoas.

Gotas

A vontade de chorar
Veio
E eu
Chovi.

De fogo (À Bruno Macêdo)

De fogo...
Perguntei-me um dia se fogo queima na água
Constatei, andando por entre teus mistérios.
Que fogo queima, em tudo e em todos os lugares...
Não sei ao certo se me encontro em teu fogo
Sei que me perco em tuas chamas e vou me encontrar.
Encontrar-me onde não preciso ser ela ou ninguém
Apenas eu...
De fogo, fênix.
De sol, suor e olhos.
Teus olhos
Negros como eu
Outrora nem sei de que é feito
De qual perfume, histórias ou lendas épicas.
Sei que gosto de tuas mãos, cheiro e volúpia.
E me precipito em tuas águas e deleites.
Sem saber onde vou parar...
Até que a fênix ressurja
No mais rasante vôo
E me leve nas diversas correntezas
De nenhum lugar comum.

Meu Velho amigo (Aos velhinhos) *Fiz esse depois de descobrir um problema nos ossos do joelho com 23 anos

Os passos agora são lentos
Ao longo dessas retinas se vê de tudo.
Televisão, Guerra e Nascimentos.
São mortes que vivem nascendo
Rugas que merecidamente alojam-se.
E em cada caminhada matinal
Filmes são vistos, andando diante dos olhos.
Que já não são os mesmos...
O respeito pela avó. Onde anda?
Uma nova maturidade nasce aqui
Aquela de entender como eram os tempos
E como se foi o fogão a lenha, a chaleira e o ferro a brasa.
Maturidade de aceitar que pés de galinha, cabelos brancos e
A fragilidade dos joelhos, sempre chegam.
E na pressa do dia-a-dia
Esquecem-se como o tempo andou
E ainda anda...
Pés mais lentos.
Anos mais velozes.
Os passos agora são anos
Os descendentes se somam e herdam...
Herdam queixos, manias e ganham dengos.
E as histórias são quadrinhos
De lendas ambulantes,
Que aos milhares se fazem
Sem contar...
Na calçada da vida muita vez,
Os lentos passos a se atrapalhar
A moleira já não é a mesma.
São lendas que contam um povo
Uma legião
De velhos, amigos.
Do tempo.

Negros Cabelos (À Andressa Pitombo)

Dos cabelos negros,
Não sei que cheiro vem,
Apenas a malícia de cachos e tranças
O balouçar de teus lábios
E as aventuras que não rejeitas
Tudo isso num só corpo
Gigante por natureza e flores.
Tuas plantas, caules e besouros
Teu sorriso de todas as difíceis manhãs.
És de flor.
De peixes.
E nomes.
Não te escrevo por que não tens pouco tamanho
E embora conheça bem seus dreads
Embrenhar-me não ousaria.
Aventura de mais pra uma mulher, só.

Tendência

Era uma enorme e rodeada
Circular e cheia
De longe parecia Black Power
Arrojado e comum.
Por todo lado de sê.
É moda!!!!
E parei pra perguntar:
- Árvore gosta desse tipo de corte de cabelo?

Sapataria

É isso que me faz sorrir sozinha
Que me esquenta nas noites de frio
E que me faz deixar tudo lindo
Nas tardes cor de chumbo
Nem gosto daquele cantor
Mas teus olhos brilham tanto com esse som
Sinto-me tremer constantemente com um frio interno, que me esquenta.
Queria você sempre
Aqui dentro com todos os acordes, tons laranja e chocolate.
Queria você aqui com todo esse sorriso
É isso que me faz sorrir sozinha
E balançar os pezinhos freneticamente de modo suave
Ainda bem que tu existe.
Ideal, você.
Que me deixa ouvir essa música no banho
Que me faz acordar bem, mesmo quando não dormi
Ideal, você.
Que me deixa escrever aos rios, todas as palavras em córregos.
Eu te vi ai dentro do meu olhar
No brilho deste cabelo.
No estender dos meus lábios.
Está em mim.
“Felicidade é um par de botas. Boa Noite, e calçai-vos!”
Vejo botas em todas as partes do meu corpo.
Vou abrir uma sapataria.

Gaiola (À Igor Bento)

Em verdes campos
Vi teus olhos de cerrado
Perdidos por entre paisagens, caatingas e histórias.
Aventuras, viagens.
Voa pra dentro de mim, passarinho.
Voa pra fora do mundo...
Embora soubesse te prender
Não o quis.
Quanto mais te solto
Mais voa pra dentro
Do teu mundo.
De ervas, velocidades e medos.
Das dúvidas inteiras
Te fiz de pedaços.
Pedaços de homem-menino
Pedaços de gaiola e corações.
Ensina-me a gostar de ser livre,
De saber como se ama,
Ensina-me a ser passarinho. Assim como tu.
Voando de coração em coração,
De flor em flor,
De cama em fruto.
Ouse sair da gaiola,
E visitar outros ares, rever outros mares
Isso tu sabes fazer.
Põe-se livre.
Passarinho meu, te sinto solto
Sinto-te amargo,
Mas hei de provar do teu sumo.
Escondido no mais alto vale,
Na mais dificulta trilha,
Dos rumos que não sei criar.
Abre a gaiola...
E voa outra vez por meus caminhos,
A rigor, nobre Igor,
Voa do jeito que quer.
Mal sabendo tu,
Dos bons ventos que a ti trouxeram
Aqui.

Louco

Ei loco!
Olha pra mim e diz que não é
Persegue a todos,
Dorme mal,
Pega no pé.
Vai pentear esse cabelo
Que eu quero produzir
Ei loco!
Pára de pensar na vida do outro
De minguar água mineral, banana madura
E cadeira velha...
Gostei de te escrever gritando!
Pára de ficar sem dormir
De digitar senhas incorretas
Ei loco!
Meu louquinho de pedra...
Amolece homem.
Pára, pára de entrar em comessões íntimas.
Vai acabar emagrecendo
E ninguém vai produzir
Destrua teus murais, agendas e responsas
Aliás, seja mesmo assim.
Se não,
Enlouqueço.

Espectro ativa

Lá de longe
Eu vi
O homem
E não era você.