Siga-me!

Pirações de uma pretinha.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Passarinho

Voltei a ouvir as mesmas músicas
Voltei a sentir seu cheiro
É de você que falo quando penso no amanhã
É de sua voz que lembro quando aquele som aparece
É de teus olhos que preciso quando não sei onde parar
E as horas que gasto pensando em ti, todas elas conversam comigo pedindo.
“Voe, voe até ele”.
Voaria se o tempo não tivesse quebrado minha asa... voaria
Voaria agora se a chuva de meus olhos não fosse tão espessa
E não quisesse me manter embaixo desta árvore onde meu ninho está.
Não!
O ninho é seu peito e agora me sinto como um passarinho
Sinto-me idiota...
Sinto-me passarinho.
Quebre minhas asas outra vez.

Portas

Que poder tem as portas?
Perguntei um dia e então alguém me disse:
- Muitos
Porta abre.
Esperanças, oportunidades, surpresas, ansiedades...
Porta fecha.
Despedidas, raiva, medos, dor, ódios...
Ontem fechei as portas para o medo e abri para as oportunidades.
Tive medo de abrir para as surpresas, mas fechei duas portas para as despedidas.
E tudo se foi.
Hoje fico a trás da porta esperando A oportunidade bater, hoje, ela já bateu eu não vi.
Ela pulou a janela!
Que poder tem as janelas?
Perguntei um dia e então alguém me disse:
Aí é outra história...

Mulher

Tiraram-me o batom
Bateram-me na face e gritaram: sambe!
Cabelo de mulher é cumprido
Saia justa nem pensar!
Prende a saia na canela!
Queima o soutien!
Como é que se escreve sobre mulher?
Com flor, pétalas e carmim?
Com gotinhas de sangue, sorrisos, lágrimas, noites mal dormidas, com filhinhos endiabrados e ingratos.
Mulher... Bichinho estranho.
Vou parir um verbo especial e oferecer-lhe MULHER!
Um verbo que te tire a dor de padecer sem paraísos.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Visões

Um homem varria a calçada
Usava palitó
E ela tomava sol...
Tem muito verde por aqui
A voz da filha, que canta semelhante à mãe.
Eu sou o É, e o Será...
Leituras inúteis
Bata na porta e vamos conversar sobre nós
E mais uma vez compreender que:
É assim...
É chato lembrar ele e eu e tudo naquele rio, as risadas e o efeito do álcool.
Meus óculos estão limpos, consigo enxergar todos os detalhes que não deveria.
Rude.
Notícias boas não me alegram mais.
Se me disseres que morri, simplesmente morrerei.
Preciso voltar a ser eu
Quero uma casa com espaço
Sou muito grande.

Vi, vendo

No dia em que te vi
Fagos coloridos espocavam
No momento em que te vi
Adélia Prado cantava
Aos amantes.
No instante em que te vi
Drummond dizia aos meus ouvidos,
Com mansa e rouca voz: namorados....
No segundo em que meus olhos tocaram tua pele
Já não ouvia mais nada
No momento em que por ti dei conta.
O gosto em minha boca
Era de amor ao primeiro segundo.
Minhas mãos jorravam gotas
De um suor adocicado
E já não tocavam em mais nada
A não ser teus olhos
No instante em que te vi
Neste exato instante
Percebi que andava às cegas
Por conta deste tão ofuscado
Amor.

Vaidade

Tudo é vaidade!
Às vezes maquiagem deixa a gente mais feia
Visto preto para que as luzes não me vejam
Embora com a luz do sol não se brinque, arrisco uma olhada direta.
Agora sei o que Cecília sentiu quando escreveu “Retrato”
A cada dia que passa ganho novas manchas
Odeio espelho, descobri isso hoje...
Adoro olhar-me no espelho, de luz apagada.
Acabo de descobrir que odeio espelho
E que tenho barba...
Ah! E descobri também que tenho um furo no ego, na identidade, na face.
Dá pra ver pelo espelho.
Um furo que não sei como tampar
Vou apagar a luz
E não volto a me olhar.

Vaidade II

Não comigo...
Assim tão de repente?
No espelho me sinto uma princesa de barro e miçangas...
Coberta de mel enriquecido com chocolate e jambo.
Linda! Soy yo.
Toda no mesmo tom e pitadas de açúcar e volúpia
Atrás do espelho me vejo como sou.
Um monstrinho pálido, cheio de diamantes negros e falsos.
Uma parede minada, repleta de fungos verdes, úmidos.
Copinhos de veneno, espaços pequenos para inúmeras coisas.
Veias me saltam à pele, as pernas.
Manchas de um tempo que demora a passar
A carne flácida de meus membros
Exalam um cheiro azedo de desleixo
Sem falar das varizes
Odeio espelho, apaguem as luzes.
E não volto a me olhar

Um dia

Um dia tive amigos
Os melhores que poderia querer.
Os mais divertidos
Os mais companheiros
Os mais bonitos
Um dia tive amigos
Os mais ativos
Os mais sinceros
Os mais amigos, amigos.
Foram lágrimas, sorrisos e amores.
Dúvidas, certezas e vivências.
Eram macarronadas e abraços.
Beijinhos, loucuras e abraços.
Olhares compreendidos e abraços
Um dia tive amigos.
Os mais puros e sensíveis
“Pra um amigo meia olhada basta”
Nos olhamos e sabemos tudo.
“Don´t you cry to night”
Não chore, não vou chorar.
S.R.H.
Saudade, Respeito e Humor.
Um dia tive amigos.
Ainda os tenho
Aqui comigo.

Telefone

Necessidade, agonia de te escrever.
Teste do som, função fática.
Aquele aparelhinho tão pequeno trouxera algo tão grande.
O amor, ainda que platônico.
Saiu, falamos, voltou...
Com um símbolo tão a mostra
Aquele que deixa qualquer um de boca aberta
Um sorriso...
Que é entendido aqui, em Istambul ou lá, na Argentina.
Ah! A Argentina...
Turbilhão de sensações e não se sabe o que dizer.
- “Aula de arte”
Talvez dizer, Eu te amo seja a solução.
Não sei! Hoje é uma resposta.
Barroco...
Homem perdido!
Embora, hoje ache que me encontrei.
E ela novamente sorriu.
O amor, ainda que platônico.
E as “fronteiras” diante dele somem.
Continue ligando.

Solidez


Onde estaremos
Eu e você
Solidão de mim
De nós duas
Companheira de todas as horas
E de nenhuma
Como podem tantos,
E tantos sozinhos
Ainda me doem
As mesmas dores
De ninguém e nada
Ainda pouco acreditei
Que era
Mas não foi
E nem será.
Somos sós
E estaremos
Ela e nós.
- Precisa explicar poema?

- Escrevi isso, por isso.

- Entendeu?

- Não.

- Era isso que eu queria.

Bom que chega dói


Poesia,
Dá vontade
De chorar
.

Não


De braços cruzados
Hoje tô negando,
Alegria
E perdão.

Mono poema

Sentada aqui neste banco de praça
Achei que não ficaria só.
Eu e os pombos
E as lágrimas
E os barcos em mar cor de alguma coisa
Quero escrever um poema explicativo
De mim.
Escrevi isto por causa disso. Assim.
Tão perto
Fico tão feia
Poema solitário, mono.
Não sei onde acentuar
Minha maquiagem borrada...
Junto com o vinho
Poema explicativo... É isso!!!
Que diz tudo que sou agora
Que estou agora
Estou em estado de escrevência
Enfim, fiz algo.
Aqui sou eu e mais ninguém. Entende?
Dois. “A sós, ninguém está sozinho”.
Eu e mais ninguém.

Morte

É tão estranho
E simples, não sei.
A morte, senhora de si.
E de nós
Simplesmente vem.
Vem e toma a tudo e todos.
Com sua voz de madrugada
E frio solitário
A morte, essa senhora.
Fria e sorrateira
Entra pelas menores frestas
Com seu longo chale
Arrasta e leva
Pega e leva
Toma e leva
Segura e vai
Essa mão que não se pode,
Recusar
Preciso te entender
No entanto, não quero te conhecer.
Não ainda...
Não no frio.

Marrom

Água escorrendo no chão de cimento, cinza.
Como rio em dia de trabalho e chuva
Telefone, gotas, formiga, formiga social e sozinha.
Assim como eu, sólo, somente, só.
E esta hora que não passa, não pára, não fica.
Odeio marrom... Cor de nada.
Folha grande vem me cobrir
Lá fora grande e rápida
Aqui socado, pequeno coração.
Aqui é tudo cinza, marrom e nada.
Em algum lugar, alguém é feliz sem cor?
Cor de gente, de boca, de saudade.
Qual é a tua cor?
Precisarei dela.

Luna

Não te vi, mas te sei.
Ainda não, mas te amei.
E foi assim que te imaginei
Minha filha. Minha Luna
Olhinhos de gato animado, cor de mel.
Boquinha de dar inveja a beija-flor
Cabelos que só caracol se mete a desembrenhar
Minha filha, minha ilha, meu grão de café.
Tão pequena...
Senta aqui no roda-pé
“Mãe, quando é amanhã”?
Não sei te explicar, assim como a tua existência também não.
Não me solte a mão.
Fique ai e não chore
Breve papai torna a nos buscar.

Lloviendo

Arranca de meu peito
O mais puro silêncio
De paciência.
Aquele amargo silêncio
Desses dias
Das gotas de chuva
Que ainda chovo.
Como toda Maria
Que chove.
E a tinta de minhas velhas paredes
Escorrem, junto com aquelas lembranças.
Como a aurora...
Entre sangue e chuva
Chuva Drummondiana
De você.
De você que passou a não existir.
E mesmo assim
Me faz chover.
Entre beijos olvidados
Nostalgia
E gotas
Desse silêncio
Inquilino sossegado,
Morador do meu peito.

In Costante

E você não anda nem aí
E eu por aqui
Eu penso sem linhas
Poema sem linha
Encontrei minha linearidade
Nos livros que não li
Nos olhares que busquei
E não encontrei
Nas línguas que não sei falar.
Minhas bombas nucleares
Acabam-me...
Sua preocupação não me vale
E não é suficiente.
Era assim que queria ficar.
Dormindo de olho aberto.
Olhando pra dentro de mim.
Antilinearidade. Sou assim.
Sentada à beira do coração
Contemplei o naufrágio do sol.
Foi o brado mais alto que soltei.
Há anos não choro assim.
Enforco-me ainda
Com essa linearidade dos dias.

Eu lírico

Eu gosto de ser poeta.
É a primeira vez que me chamo assim, é meu nome...
Por que na ponta da caneta esvaem-se minhas lutas, minhas angústias, meu mundo.
É uma alegria que baila dentro do meu peito.
Chacoalha minhas energias, meus medos.
Sou poderosa, minha caneta, meu papel e eu.
A tríade.
E lá se vão angústias, cores, homens e flores.
Ser poeta, esta é a única denominação que cabe a mim.
Juntamente com todas as outras.
Poeta.
Gostei.
Sou eu.
Respiro fundo, sorrio, escrevo.
Suspiro, choro, escrevo.
Todos os caminhos levam à escrita
Lá, vou eu.

Eu canto

Ainda... Até hoje não havia escrito algo sobre coisas boas.
Lembrei de você, dele e dos outros.
Foram tão bons, tão empenhados.
Eu é que não me encontrei
Hoje cantei, sorri e chorei de alegria.
Por ter chegado até aqui
Por ter visto tanto e tudo
Chorado, sorrido, vivido...
É uma alegria explosiva.
Sem tamanho...
Cantei. E cantarei sempre aqui dentro
Na hora certa canto pra fora, pro mundo.
E pra meus olhos.
Continuarei cantando
E eles ouvirão
Entre eles você, que um dia me ensinou a cantar e ao mesmo tempo me desafinou, quebrou minhas cordas...
Por hora...
Continuarei cantando
Alto e acima do tom.

Em atos

Nem tudo são flores
E as que um dia te dei
Murcharam naquele vasilhame
Do esquecimento.
“Não faças dramas”
Mas os meus melhores atos
Saíram de cena
As cortinas desta amizade
Fecharam-se
E quedei na coxia lamentando
Por todos os espetáculos
Que não estrelei
De tudo se serve.
Aprende que tua dedicação
Não é a do outro
E aprende que o outro sou você.
Seguimos amigos.
Sem maiores atos.

Inter relações (À Caio Nogueira)

Me manda um e-mail
Que quero te sentir.
Uma mensagem off line,
Que seja.
Me diz: Oi amor!
Pelo scrap...
Ou quem sabe só um, Oi.
Esse celular não toca
E não tocando faz vibrar
A solidão.
Há tempos não nos vemos
Nem via web cam.
Enlouqueci no MSN.
Esqueci o tal do Orkut.
Chorei em frente ao PC.
Me dá um abraço pelo buddy poke!
Ou um alô, pelo facebook.
Quando vamos nos encontrar novamente?
Marcarei uma conferência on line.
Preciso saber de ti.
Qualquer coisa...
“Nasceu uma flor no asfalto”
A minha veio via sms
Tinha um delicioso cheiro
De chip.

Inspiração

Inspiração
Ins pira a ação.
In espira ação.
In espira ção.
Inspiração.
Ins piração.
Innnn espira ação. (suspiros)
Inspiração.
Cadê você?

Jardins

E no fim
Não há muito o seu lado
O brilho nos olhos
Apagou agora há pouco.
Nesta falta de energia...
Já não é mais enérgico brigar
E brigamos...
Brigamos porque foram,
Planos.
Foram-se todos os planos!
Na celeuma das separações.
Tudo se vai, vão-se os carinhos
E ficam as dúvidas. Perguntas.
Nessa comédia do cotidiano
In acabado.
Me pergunto agora:
Quem vai ficar com o bonsai?

Meu mel ( À Juca Machado)

E lá fui eu
Amar-te com toda a tua pureza
De chuva doce,
Chuva de caju, como disse o poeta no filme,
Caju, caju... Digo rápido e continuamente.
Vejo-te do avesso e é como se soubesse
Tudo que ama e quer...
As tuas alegrias e tristezas quero pra mim
Como poeta que sou.
Chuva doce de mel e caju.
Amo-te como a mim
E quando te lembro chego a rir
Com teus traços
Solitudes e destrezas
Amo-te
E a mim
Cabe cuidar-te
Como pequeno que és
Meu mel é teu
Divido quando quiseres.
Teu lugar?
É aqui, sempre que quiseres
Estou contigo.
Como abelha no mel.
E lá fui tentar extrair
Tua pureza,
Fique com ela
Meu mel
Que hei de te guardar.

Fases...

Fase das paixões, mal resolvidas, mal amadas, mal vividas...


Essas esquinas de amor, nos deixam cansadas...

:)

Fim

Então é assim que a gente vive?
Paciência...
Boas sensações, minutos de felicidade, carícias, fins de semana, cobertor humano, olhares e o amor.
Um dia as cores escurecem a água seca, o frio e só resta aquela música de gotas e escuridão...
E por fim, beijos negados. Toques inalcançados.
Então é assim que a gente morre?
Vira pedra, fica sal, duro, escuro.
“Tudo vira normal para olhos tão velhos”.
Velhos de guerra, cansados desta terra, terra que jamais pertenci.
Então você pergunta ao teu eu tão verdadeiro e tão intimamente falso.
Então é assim que o amor vive e faz morrer?
Não se esqueça de quem um dia você foi por amor e pelo amor.
Estamos tão vivos por ele e assim...
Já morremos.

Essas fases

Não queria te querer tanto assim
O tempo passa e é como se eu parasse
É como se teu sangue ainda corresse em minhas veias
Como se a tua caneta ainda escrevesse a minha história
Peguei as rédeas desse coração alado
E levei-o para um abismo repleto de você
Cada poesia, por mais igual, é diferente.
Por mais que não queira é cada vez mais querer.
Diria:
- Não ligue!
-Não!
-Ligue. Quando não é sim. Só quero dizer que não te quero.
Embora, minhas mãos e meus cílios busquem você em cada livro, cada lápis, cada prédio, cada lua.
Serei minguante.
Até quando? Esta tristeza crescente?
Até estar cheia, de todas estas fases.
E chegue a hora de ser nova.

Dancei


Ainda me lembro daqueles passos
Flutuamos no espaço do nosso tempo
Dois pra lá e nenhum pra cá
Arrisquei um passo e titubeei...
Nunca soube dançar do jeito que você quis
Sei dançar mansinho, juntinho... A valsa dos inteiros.
Mas não segurava a mão
Bailamos naquela ciranda de dois
E cada um apresentou seu solo
Dancei e sob teus passos ensaiados
Dancei ao meu melhor sabor e destemperei
E não importa qual tenha sido a música
Simplesmente dancei
Ainda lembro daqueles passos
A banda tocou o melhor de tudo
E fizemos o mais falso dos amores
Dancei feito uma bailarina torta
Uma dançarina de qualquer coisa
Perdi o passo e nada me disse
Sei apenas que dancei
A mais inteira das coreografias
Hoje, já não danço mais...
Não no teu ritmo.

Dançar

O que é que te dá...
Quando aquela música invade o coração
Todas as veias o corpo os cabelos
Mexe-se, se bole, deixe fluir
Tudo que há de mais sensual e dançante em ti
Um barulhinho nos ouvidos
Tambores individuais, notas que transcendem o tempo e o espaço...
Dançar, sem compromisso, sem medo de parecer feio ou estranho.
Dançar na chuva, no sol, na cama.
Entre as flores, nos pensamentos.
Voar, dançar... Confusão...
Danço com los ojos.
Danço com todas as minhas pernas
Com as pestanas
Com um gingado que é só meu
Singular e que meio mundo possui
Quero dançar até não saber mais se, se vai pra frente ou para trás.
Dançar freneticamente com a alma e a razão.
Dance comigo e liberte-se desses passos ensaiados.

Artista

Esperança será a arte de esperar?
Esperar o quê?
Que o salário aumente
Que ela volte
Que aquele dia chegue
Que ele ligue
Que as formigas trabalhem
Que os olhos brilhem novamente
E que o coração velho e embrutecido bata outra vez forte e apaixonado
Esperança de cores mais fortes, de dias de sol, de música alta, de chocolate no fundo da panela e de beijos molhados.
Esperança, a arte de esperar...
Fiz pós-graduação em Esperança com ênfase em dias melhores
Esperei, espero, esperarei.
Sorrisos, chuva, cachorro, terra molhada, pôr-do-sol, sorvete, praia, poemas, livros, cama quente em dia frio, pipoca, filme, risos, amigos, ombrinho, Espero...
Por que vale a pena ser esse artista.

Ao diretor (À José Jackson)

E as putas também amam...
E ela o amou
Com os olhos, os pêlos e as lágrimas.
Não diga que não!
Não com toda sua ironia e cinismo
E amam com a maquilagem mais expressiva e vagabunda
Amam como o teatro amador
Sim as putas também amam...
Na esquina do teu peito, no labirinto de teus cabelos.
E ela te amou
Amou com toda a sua volúpia
Com toda a sua vulgaridade e ingenuidade
As putas são ingênuas?
Sim, são. Se não, não seriam putas.
E ela amou
Como o teatro ama o ator
Como tu amas ao teatro...
Não compare assim... Não é?
Compararei.
Até que a última pulsação de gozo se encontre em seu corpo de puta, de mulher, de menina.
Compararei até que você pare de se comportar como um eterno diretor de suas sensações.

A flor da minha pele


E não me toque

Sou capaz de te entortar

Não me chame de flor

E nada mais

Me chame de nada...

Nada que te faça bem

E nem a mim!

A flor

Da minha pele

Todos querem, mas só entrego quando murchar.

E não me venha com desculpas

Quero tudo!

E não vou lhe dar nada

Não sei mais nem respirar

Meus olhos de refletor

Impiedosos, sempre!

A flor, da minha pele.

E os espinhos de minh’alma

Juntos, sempre em sintonia.

Pétala por pétala desta infame flor

Dessa flor do jardim de todas as horas

Tremendo de calor

Este calor sem jeito

E não me toque!

Não quero exalar todo aquele perfume

De outra hora.

Solte meus espinhos.

Que eu me planto em outro lugar.