No dia em que minha Mãe perdeu a visão,
Perdeu-se também metade do meu mundo.
E apareceram então meias,
Meias flores, meias cores, meias palavras, meios ardores.
Esse mundo então ficou meio cinza,
Ou preto, nem sei,
Só sei que esse dia ficou então marcado.
Como o dia branco, da mais neutra escuridão.
O dia negro.
No dia em que minha Mãe perdeu a visão,
Ficaram tolos todos os gestos, as lágrimas, os tons.
Minha Mãe, braços estendidos, mãos a "ver" em minha direção...
Seu toque grosso, endurecido, de quem nunca houvera, se quer uma vez visto com elas.
Meus olhos, que viam bem, no dia em que minha Mãe perdeu a visão,
Ficaram cegos de amor.
2 comentários:
Me lembrei do dia em que perdi o sorriso da minha mãe....
Muito lindo!
Nessas entrelinhas da vida, é tanta coisa que se perde Gil...
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