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Pirações de uma pretinha.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Caracteres.

Meu cabelo é ruim,
De aguentar a tua soberba.
Minha boca é grossa,
E eu também posso ser.
Meu nariz é largo,
Do tamanho da minha vontade.
Meu pé é chato,
Igualmente ao teu preconceito.
Guarde seu racismo, segregacionismo, apartheid, ilusão, como queira denominar...
No bolso, na cueca, no seio, na máscara, no cofre,
No verniz de todo lugar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mal dizendo

Quando a noite se cala,
O dia vem chegando
E o mundo vai dormir,
Estou aqui.
Meus olhos refletem algo,
Uma frase mal feita,
Um dia ruim,
Um cansaço sem fim.
De sol, que vive e revive todas as manhãs...
Um suspiro, um sorriso e basta.
-"Eu gosto de você"
Seu jeito de olhar, suas covinhas, os dedos e o cheiro,
Vou vivendo disso.
Tenho medo da casa com som de vazio,
Do canto do olho,
Dos amigos ausentes,
Dos toques no teclado,
Dos e-mails substitutos.

Estou aqui.


E não há o que dizer.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Princesa

Era uma vez,

Uma mulher preta,
Com gosto de jambo.
Eu ví,
Ví seus seios num mocó.
Ví uma mulher preta,
Com tranças e envergadura,

Era dura.

Ví uma mulher preta sorrindo, de sí, dos olhos, dos medos, pro sol.
Ví seus olhos de chumbo e com chuva.
Certa vez eu ví uma mulher preta com medo, com cachos, com sons.
Ví uma mulher preta cantando...
Dançando feito cobra de braços.
Ví mulher preta vingando, crescendo, sorvendo.
Eu ví uma mulher preta, um dia.


Num espelho meu.