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Pirações de uma pretinha.

quinta-feira, 21 de junho de 2012







Homo

Eles se gostavam muito. 
Ele gostava dele. 
E era tão fruto, era tão flor, era tão puro. 
Que deu certo.



Volare 

Viaje, nem que seja ali pra perto. 
Viajar é ser outro. 
Nos km que os Quilômetros têm. 
Viaje. 
Quando fui pra Ilha me senti mal, 
Muita água embaixo das coisas, 
Muito oceano separando terras, 
Água demais pra nos aguentar. 
Quando fui pra Andaraí me senti família. 
Quando vou em Feira sou A sobrinha. 
Quando vou pra Simões Filho, professora. 
Quando fui pro Rio Grande do Sul, cubo. 
Quando vou pra Ibititá, filho pródigo. 
Em Aracaju, sou saudade. 
Quando vou para o Capão me sinto em casa. 
Quando fui pra Brasília, rainha de lugar nenhum. 
Quando fui pra Campo Formoso eu era importante. 
Uma vez em Ilhéus, aventura. 
Viaje. 
Viajar é se fazer outro em cada lugar. 
Quando eu viajo, eu sou. 
E assim, seja.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Uma vez uma professora me disse que um aluno de nível superior jamais poderia expressar sua opinião sobre determinada coisa com, "legal", "interessante", "bom", "muito interessante"... 
Segundo ela, e hoje concordo, um aluno de nível superior tem sempre mais a dizer. Hoje conversando com um colega escritor-puta-inteligente-fantástico, me peguei pensando como tenho me tornado cada vez mais ignorante, como a internet e a falta de tempo tem me emburrecido e me deixado preguiçosa, sem paciência para textos longos, sem vontade de fazer nada a não ser ctrl c, ctrl v, de verdade!

Tenho visto nos textos de meus alunos, artigos e até em memoriais, textos retirados da internet na íntegra e as vezes com o roda pé... Ví na net outro dia a figura de um jovem vestido de beca em sua formatura, diploma na mão e acima a frase: "obrigada wikipédia!", pura verdade, pura realidade.

O facebook, a internet, a facilidade das coisas e a falta de tempo tem criado seres preguiçosos, sem vontade de criar, para quê? Se alguém provavelmente já o fez? É só perguntar ao Google, o oráculo da modernidade e ele vai lhe dizer o que fazer, onde buscar, a quem perguntar, de onde colar...

Eu perco muito tempo no Facebook, olhando o que fulano fez, onde foi, o que comeu, se malhou, se casou, com quem se parece seu bebê e eu GOSTO disso! Esse reality show diário e eterno, é bom ver como as pessoas gastam seu tempo e dinheiro e afetos, mas sinto que isso vicia e eu não vivo mais sem saber o que a ou b fez para almoçar no domingo com a família...

Meus alunos não gostam e as vezes não leem textos com mais de 10 linhas, a não ser os que estão no 6° ano, ainda não foram contaminados. Eles reclamam, não leem, não sentem curiosidade de saber o que tem ali. Querem fazer tudo digitado, as vezes quase que os obrigo a fazer manuscrito e um deles me responde: " A senhora sabe que eu vou copiar tudo da wiki né?"

Antes de escrever qualquer coisa, que meus alunos não leiam isto, sempre recorro ao google pra saber o que já disseram a respeito e acabo influenciada por algum texto... Como recriminar meus alunos?

A sensação que tenho é a de uma prisão de ventre mental constante, onde o remédio são doses diárias de Google. As vezes eu leio algo e penso, por que não fui eu quem escreveu isso? Ai compartilho, pra melhorar a revolta, é uma forma de me fazer inteligente perante essa metralhadora de coisas inúteis encontradas por ai.

Talvez você nem tenha chegado a ler esse texto até aqui, por falta de interesse ou paciência, mas eu precisava escrever algo e que fosse grande, pra ter de novo a sensação de que fiz algo e me lembro novamente de minha professora que dizia, nada de "legal, bom, interessante..."

Então vai e clica em curti, que economiza o tempo de escrever "interessante" e passa logo pra próxima atualização do feed de notícias.